"Dar a volta por cima"
E lá estava ele deitado no sofá. Mais um dia se passa e ele com 79 anos se deixando levar pelo dia a dia, se deixando levar pela apatia, se deixando levar pela revolta, pela ira, pelo inconformismo. Aos 55 anos teve um acidente vascular cerebral e ficou incapacitado, tão novo! Não podia mais andar direito. Ficou com um lado do corpo todo paralisado. Incapacitado para se entender como gente. Desmotivado para viver. Não! As netas davam-lhe motivação. Mas elas teimam em ter vida própria! O que fazer? Mas também quem pode ficar sentado no sofá o dia inteiro fazendo companhia ao avô? Avô que teima em não levantar, em não ir ao portão, ou ir a rua. Ia me esquecendo, além das netas havia a cachorrinha, tão graciosa! Ela o motivava a ir todos os dias ao jornaleiro pela manhã. Depois disso voltava e deitava o dia inteirinho no sofá. Amargurado, no tédio! E a esposa guerreira, mulher à moda antiga, suportando tudo. Se desdobrando nos cuidados. Lamentando a situação do marido mas apoiando-o.
Um dia as netas, que teimavam em ter vida própria, decidiram ir estudar para longe….muito longe…tão longe!! Um dia essas netas decidiram enfrentar seus medos e seus objectivos. Mas o que fazer se elas não estavam mais lá? Deitar no sofá!
E o vento mudou! O tempo mudou! Apareceu na casa um aparelho novo. Mudou de moradia o tal aparelho. Era das netas e fora parar na casa do avô. Tinha até nome o tal do aparelho, Frederico. Em homenagem a um ratinho que morava na clínica da mãe. E o tal do Frederico mudou de moradia e foi se instalar na sala do avô. Também tinha outro nome o dito, é um tal de computador, meio desajeitado e também à moda antiga. Afinal as netas tinham ido e deixado o pobre do Frederico no quarto delas, meio que sem dono. Quando esse novo morador foi se instalar na casa do avô aconteceu um rebuliço. A avó nem queria o dito na sala, desarrumaria o ambiente.
O avô reclamou: - Nem pensar! Ele não vai subir para os quartos não!
Todos gelaram! E agora o que fazer com o pobre do Frederico, e agora? Ia acabar no lixo, na rua, o pobre coitado!
O avô reclamou: - vai nada! vai ficar na sala!
Xi!!! O que era isso?
- Ficar na sala? Nem pensar! A avó reclamou de novo! Mas como ela sempre cedeu para ele então o tal morador foi instalado, na sala!
- Como funciona isso para falar com minhas netas? Perguntou o avô.
E o vento mudou! O tempo mudou! Apareceu na casa um aparelho novo. Mudou de moradia o tal aparelho. Era das netas e fora parar na casa do avô. Tinha até nome o tal do aparelho, Frederico. Em homenagem a um ratinho que morava na clínica da mãe. E o tal do Frederico mudou de moradia e foi se instalar na sala do avô. Também tinha outro nome o dito, é um tal de computador, meio desajeitado e também à moda antiga. Afinal as netas tinham ido e deixado o pobre do Frederico no quarto delas, meio que sem dono. Quando esse novo morador foi se instalar na casa do avô aconteceu um rebuliço. A avó nem queria o dito na sala, desarrumaria o ambiente.
O avô reclamou: - Nem pensar! Ele não vai subir para os quartos não!
Todos gelaram! E agora o que fazer com o pobre do Frederico, e agora? Ia acabar no lixo, na rua, o pobre coitado!
O avô reclamou: - vai nada! vai ficar na sala!
Xi!!! O que era isso?
- Ficar na sala? Nem pensar! A avó reclamou de novo! Mas como ela sempre cedeu para ele então o tal morador foi instalado, na sala!
- Como funciona isso para falar com minhas netas? Perguntou o avô.
- Aonde liga isso para falar com a tal internet? Insistiu ele, para espanto de todos.
- E como faço? E como não devo fazer?
Afinal, todos pensaram, isso não vai longe nunca nem escreveu à máquina!
Arrumaram um jeito de ligar o tal ao telefone e estabeleceram uma ligação com as netas. Ele se animou. Queria mais! Acordava de madrugada para ligar e desligar o Frederico e ver se as netas estavam no tal “on-line”. E começou a manejar o “mouse” ou o ratinho do Frederico, como queiram! Destruiu uns 2 ou 3 de tanta força que fazia com eles. O “duplo clic” foi uma dificuldade! E eis que derrepente ia ele pelas ruas com o teclado debaixo do braço para comprar mais um, pois esse “já era”! E voltava as ruas com o ratinho estragado para compra mais um, por que esse “já era”! E voltava aos shoppings para comprar CDs sertanejos para ouvir. E começou a ler jornais na Internet, a ver emails, a ver sites de sexo (kakaka), e a mostrar para a mulher. E passou a receber vírus, e mais vírus. Sim porque isso é básico! E aprendeu a rir das piadas e convidar a mulher para ver com ele as ditas. E passou a falar, sem ajuda, no Messenger e no Skype. Passou a discutir sobre programas com o técnico, que virou frequentador assíduo da casa por tantas falhas no sistema operativo…rssss
- E como faço? E como não devo fazer?
Afinal, todos pensaram, isso não vai longe nunca nem escreveu à máquina!
Arrumaram um jeito de ligar o tal ao telefone e estabeleceram uma ligação com as netas. Ele se animou. Queria mais! Acordava de madrugada para ligar e desligar o Frederico e ver se as netas estavam no tal “on-line”. E começou a manejar o “mouse” ou o ratinho do Frederico, como queiram! Destruiu uns 2 ou 3 de tanta força que fazia com eles. O “duplo clic” foi uma dificuldade! E eis que derrepente ia ele pelas ruas com o teclado debaixo do braço para comprar mais um, pois esse “já era”! E voltava as ruas com o ratinho estragado para compra mais um, por que esse “já era”! E voltava aos shoppings para comprar CDs sertanejos para ouvir. E começou a ler jornais na Internet, a ver emails, a ver sites de sexo (kakaka), e a mostrar para a mulher. E passou a receber vírus, e mais vírus. Sim porque isso é básico! E aprendeu a rir das piadas e convidar a mulher para ver com ele as ditas. E passou a falar, sem ajuda, no Messenger e no Skype. Passou a discutir sobre programas com o técnico, que virou frequentador assíduo da casa por tantas falhas no sistema operativo…rssss
Quatro anos se passaram. Hoje ele tem 83 anos e como Jorge Luiz Borges, ainda quer ser feliz.
E o sofá? Alguém sabe do sofá? Alguém tem notícias do sofá? Ah o sofá! Coitadinho dele!
E o sofá? Alguém sabe do sofá? Alguém tem notícias do sofá? Ah o sofá! Coitadinho dele!